quarta-feira, 4 de maio de 2011

Batalha de Aljubarrota - História de Portugal

D. Beatriz (1373-c.1409)

D. Beatriz era a primeira filha de D. Fernando e de D. Leonor Teles. Por nascimento, era, assim, a legítima herdeira do trono português.
Por várias vezes foi negociado o seu casamento, nomeadamente com o infante D. Fernando, filho segundo de D. João I, rei de Castela. No entanto, D. João I enviuvou e acabou por desposar ele próprio D. Beatriz, em 1383. Ainda nesse ano, D. Fernando faleceu e D. Leonor Teles assumiu a regência, proclamando D. Beatriz rainha de Portugal.
Esta situação não foi aceite pelo povo, que via a independência de Portugal a ser posta em causa. Em dezembro do mesmo ano, o mestre de Aviz foi proclamado Regedor e Defensor do Reino, após revolta em Lisboa. Ainda durante esse mês, o rei de Castela, acompanhado de D. Beatriz, invadiu Portugal, juntando-se a D. Leonor Teles em Santarém. Entretanto, D. Beatriz foi atingida pela peste, o que obrigou os invasores a regressar a Castela.
Em Portugal, o mestre de Aviz foi proclamado rei (com o título de D. João I), o que não agradou aos reis de Castela. Em 1385 travou-se a célebre Batalha de Aljubarrota, onde os castelhanos foram vencidos, resolvendo-se, deste modo, a crise.
Após a morte de seu marido em 1390, D. Beatriz tentou ainda fazer valer os seus direitos em Portugal mas não o conseguiu. Acabou por falecer em 1409 ou um pouco depois.

 In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.

D. João I
Monarca português, filho bastardo de D. Pedro I e de Teresa Lourenço, dama galega, nasceu em 1357, em Lisboa, onde faleceu em 1433. Décimo rei de Portugal (1385-1433), foi o fundador da dinastia de Avis ou Joanina, sendo conhecido pelo cognome "de Boa Memória".
Educado por um mestre da Ordem de Cristo, foi nomeado, com apenas seis anos, Mestre da Ordem de Avis por D. Pedro I e armado cavaleiro. Durante o reinado de D. Fernando, seu meio-irmão, começa a desempenhar papéis de certo relevo, como o da negociação do casamento de D. Beatriz com o rei de Castela. A rainha D. Leonor Teles vê no Mestre de Avis um obstáculo e um adversário na sua influência sobre D. Fernando, sendo D. João considerado o chefe dos que se opõem à ação de Leonor Teles e do Conde Andeiro. Após a morte de D. Fernando, em 1383, entra-se num período de agitação e de crise na sucessão da Coroa, dado não haver herdeiro varão e D. Beatriz estar casada com o rei de Castela. Estava ainda em causa a independência nacional.
Formam-se dois partidos, um a favor e outro contra D. Beatriz como rainha de Portugal, e D. João aceita a chefia do movimento popular que luta contra a hipótese de Portugal vir a ter um rei estrangeiro. Este movimento tem o apoio da burguesia. Assim, participa no assassínio do Conde Andeiro e é proclamado "regedor e defensor do Reino". Prevendo a invasão do país por Castela, que queria impor os direitos de D. Beatriz, começa a preparar a defesa, onde se vai destacar Nuno Álvares Pereira. Segue-se um período de lutas em que se salienta a Batalha de Atoleiros e o Cerco de Lisboa, por terra e mar, em 1384, durante vários meses. Em abril de 1385 reúnem-se as Cortes em Coimbra, onde, pela ação e grande poder oratório do Dr. João das Regras, D. João é eleito rei. A luta contra Castela e seus partidários vai continuar, e, em 14 de agosto de 1385, obtém-se uma grandiosa vitória na Batalha de Aljubarrota, a que se segue a vitória em Valverde. Pela vitória em Aljubarrota e em cumprimento de uma promessa, D. João I manda construir o Mosteiro da Batalha, um belo exemplar da arte gótica. A luta com Castela e seus partidários vai continuar, mas mais esporadicamente, até que em 1411 se estabelece em definitivo a paz. Entretanto, em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, na sequência do Tratado de Windsor, celebrado com a Inglaterra. Desta união nascerá a "Ínclita Geração" - D. Duarte, Infante D. Pedro, Infante D. Henrique, D. Isabel e Infante D. Fernando, o Infante Santo.
D. João I, que subiu ao trono com o grande apoio que teve das massas populares e da burguesia, quando as lutas com Castela estabilizaram, começou uma política centralizadora do poder, reduzindo a influência do clero e da nobreza, apropriando-se dos bens dos que eram apoiantes de Castela, espaçando a reunião das Cortes, e procurando reaver algumas das terras doadas.
É no reinado de D. João I que têm início as conquistas no Norte de África e que começa a gesta dos Descobrimentos, pela ação do Infante D. Henrique. Assim, em 1415 dá-se a expedição a Ceuta, que é conquistada em 21 de agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na mesquita daquela praça-forte, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.
Após o regresso de Ceuta, o infante D. Henrique vai dar início à epopeia dos Descobrimentos. No reinado de D. João I são descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Tem início, igualmente, a colonização dos Açores e da Madeira.
D. João I era um rei culto, dada a sua formação na Ordem de Avis, e, por isso, mandou redigir a Crónica Breve do Arquivo Nacional, mandou traduzir o Novo Testamento e vidas de santos, e escreveu o Livro da Montaria.
Em 1412 associou ao governo do reino o seu filho D. Duarte, que lhe sucederia. D. João I faleceu em 1433 e encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha.
 In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.

Batalha de Aljubarrota
Esta batalha travou-se no dia 14 de agosto de 1385, entre portugueses e castelhanos, e está inserida no conjunto de confrontos entre os dois exércitos, motivados pela luta da sucessão ao trono português. Em 1383 morrera o rei D. Fernando, que tinha uma única filha, D. Beatriz, mas esta estava casada com o rei D. João I de Castela, o que punha em causa a independência de Portugal. No acordo nupcial determinava-se que D. João I de Castela não poderia ser rei de Portugal, mas os portugueses receavam o pior, até porque, sob o pretexto de fazer valer os direitos de D. Beatriz, aquele logo invadiu Portugal. Ao mesmo tempo, em Portugal formam-se dois partidos: um a favor de D. Beatriz, outro contra.
Com a morte do conde Andeiro, o Mestre de Avis é nomeado "regedor e defensor do Reino" e trata de organizar a defesa, ajudado por Nuno Álvares Pereira, entretanto nomeado Condestável do reino. Dá-se o cerco a Lisboa, que, após vários meses, é levantado em setembro de 1384. D. João I de Castela reorganizou as suas tropas, até que, em junho de 1385, sitia Elvas e, aproveitando apoios de praças portuguesas, invade o nosso país pela Beira Alta, entrando por Almeida, segue por Pinhel, Trancoso, Celorico da Beira, Mortágua, Mealhada e acampa perto de Coimbra, nos inícios de agosto. Entretanto também o exército português se preparava. Nuno Álvares Pereira foi conquistando algumas praças até aí favoráveis a Castela e dirigiu-se para Abrantes, onde vai reorganizar as forças vindas de vários lados.
Em fins de julho está reunido o exército português em Abrantes, incluindo o Mestre de Avis. Discute-se a tática de guerra, havendo divergências, mas Nuno Álvares Pereira resolve avançar contra o inimigo e segue para Tomar, e daqui para Atouguia (Ourém) e Porto de Mós, junto da estrada de Leiria a Alcobaça, onde chegam a 12 de agosto. Por sua vez, os castelhanos, que seguiam pela mesma estrada, devem ter chegado perto de Leiria também por essa altura. No dia 13, o Condestável inspecionou o terreno onde iria intercetar o exército castelhano, que ficava a sul da ribeira da Calvaria, com dois ribeiros que protegiam os flancos. Era um planalto com acessos difíceis e que limitavam a frente de ataque do inimigo e facilitavam o contra-ataque dos portugueses pelos flancos.
Apesar de não haver dados concretos e de terem chegado até nós versões muito díspares sobre o seu número, sabemos que o efetivo dos dois exércitos era muito desigual, havendo muito mais castelhanos que portugueses. Do lado de Castela haveria cerca de 5000 lanças (cavalaria pesada), 2000 ginetes (cavalaria ligeira), 8000 besteiros e l5 000 peões; do lado português seriam cerca de 1700 lanças, 800 besteiros, 300 archeiros ingleses e 4000 peões.
No dia 14 de agosto, os castelhanos, apesar de em maior número, quando avistam o exército português, apercebem-se da posição vantajosa dos portugueses no terreno e tentam evitar o confronto, contornando-os e, seguindo por um caminho secundário, indo concentrar-se em Calvaria. O exército português inverte a posição e desloca-se paralelamente, acompanhando os castelhanos, vindo a ocupar uma posição 3 km a sul da anterior, ficando os dois exércitos a cerca de 350 m de distância. Para proteger a frente os portugueses cavaram rapidamente fossos e covas de lobo, que tentaram disfarçar. O exército português estava disposto numa espécie de quadrado, formando a vanguarda e as alas um só corpo. A vanguarda era comandada pelo Condestável e nela estavam cerca de 600 lanças; na retaguarda, comandada por D. João I, estavam cerca de 700 lanças, besteiros e 2000 peões. Os restantes efetivos estavam nas alas, sendo uma delas conhecida por Ala dos Namorados. A vanguarda castelhana teria 50 bombardas e 1500 lanças, em 4 filas, e ocupava toda a largura do planalto, nas alas teria outras tantas lanças, besteiros e peões, além de ginetes na ala direita e cavaleiros franceses na ala esquerda. Os castelhanos reconhecem a dificuldade de atacar a posição portuguesa, surgindo dúvidas quanto à decisão de atacar ou não.
Estavam neste impasse quando, já ao fim do dia, a vanguarda castelhana inicia o ataque. Dados os obstáculos que encontraram, foram-se concentrando ao meio, mas com uma profundidade de 60 a 70 metros, pelo que o embate se dá com a parte central da vanguarda portuguesa. Dado o seu número, os castelhanos conseguem romper a vanguarda portuguesa, mas logo foram atacados de flanco, pelas pontas da vanguarda, pelas alas e também pela retaguarda portuguesa. Assim, face à estratégia e posição portuguesas, a vanguarda castelhana sofreu todo o impacto da força do exército português, sendo desbaratada. Por isso, apesar do maior número total das forças espanholas no combate, a vanguarda castelhana suportou sozinha toda a ação do exército português, sendo esmagada. Os restantes fugiram, em pânico, sendo ainda perseguidos. Tudo isto aconteceu em cerca de uma hora. O rei de Castela fugiu, de noite, para Santarém e daí embarcou para Sevilha.
A Batalha de Aljubarrota foi um momento alto e importante na luta com Castela, pois desmoralizou o inimigo e aqueles que o apoiavam, e praticamente assegurou a continuidade da independência nacional.
 In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011.

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