Ó mar salgado
eu sou só mais uma
das que aqui choram
e te salgam a espuma.
Ó mar das trevas
que somes galés
meu pranto intenso
engrossa as marés.
Ó mar da Índia
lá nos teus confins
de chorar tanto
tenho dores nos rins.
Choro nesta areia
salina será
choro toda a noite
e seco de manha.
Ai ó mar Roxo
ó mar abafadiço
poupa o meu homem
não lhe dês sumiço.
Que sal é o teu
nesses céus vermelhos
que eles partem novos
e retornam velhos.
Ó mar da calma
ninho do tufão
que é do meu amor
seis anos já lá vão.
Não sei o que os chama
aos teus nevoerios
será fortuna
ou bichos-carpiteiros.
Ó mar da China
Samatra e Ceilão
não sei que faça
sou viuva ou não.
Não sei se case
notícias não há
será que é morto
ou se amigou por lá.
Carlos Tê, "Auto da Pimenta"
(prof.ª Ana Sofia)
(prof.ª Ana Sofia)
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